quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Em novos tempos, Televisa se contorce para reverter prejuízos e voltar a ser a “Hollywood das novelas”
December 7, 2016
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Renan Vieira





A Televisa passa pelos momentos mais difíceis de sua história. A maior empresa de comunicação do México apresenta, desde o começo de 2016, uma severa queda em seu lucro líquido. Só no primeiro trimestre do ano, os números chegaram a ser 45% menores que no mesmo período de 2015.

Segundo os executivos do grupo, os principais fatores são a mudança comportamental do mercado, o investimento na plataforma sob demanda Blim e o fim de um contrato de assistência técnica com a Univision. Em todo o ano passado, porém, a receita publicitária caiu 30% e a audiência desabou 15%, de acordo com a imprensa mexicana.

No centro do furacão, o diretor do comitê de finanças da Televisa, Alfonso de Angoitia, explicou que as apostas do grupo têm, sim, trazido um resultado positivo, mas não falou em dados concretos, tampouco explicou o tamanho dos primeiros números: “O conhecimento da marca [Blim] é muito alto, maior do que esperávamos. Até agora, estão dentro das nossas expectativas”, revelou Angoitia a um jornal.

O fato é que, depois de modificar a grade de programação, a Televisa está levando mais tempo para se firmar do que se esperava. A reformulação do departamento de notícias, com o lançamento de novos telejornais e âncoras, ainda não causou o impacto previsto. Ao contrário, acirrou a disputa pela audiência na televisão aberta. Com novelas e minisséries mais modernas no horário nobre, se esperava que a Televisa pudesse lucrar tanto quanto no passado. Agora, as estratégias já estão sendo reavaliadas com o intuito de não ocorrerem catástrofes maiores.

Como parte desse processo, o grupo planeja demitir aproximadamente 20% da sua força de trabalho - isso significa que profissionais de todos os níveis serão afetados, inclusive, celebridades e pessoal de criação de conteúdo artístico. Um movimento sem precedentes na história do grupo de comunicação mais influente da América Latina. Para se ter ideia, programas editorialmente importantes para a Televisa, como o do antigo âncora do noticiário da noite, Joaquín Lopez Dóriga, devem sair do ar.

Com toda essa realidade, o clima nos dois principais centros de produção do grupo é de apreensão. Se imaginava que a Televisa, por tudo que historicamente representa, seria capaz de segurar o mercado e, ainda, suavizar a crise sofrida mais intensamente pela TV Azteca.

Esta última lançou um supercentro de teledramaturgia em 2012, para competir com a Globo e a com a própria Televisa, e hoje não o usa em sua totalidade. Agora, o discurso nos corredores da segunda maior rede mexicana é o de austeridade. Desde que foi lançada, em 1993, a Azteca nunca havia registrado prejuízo.

Em 2014, os números permaneceram estáveis, mas houve uma perda milionária, em 2015. A divisão de novelas foi reestruturada, com demissão em massa de profissionais e produções nacionais substituídas por estrangeiras. Alguns programas tradicionais foram cancelados e os canais 13 e 7 foram relançados.

A Televisa usou a mesma estratégia ao repaginar o Canal de las Estrellas como Las Estrellas, simplesmente. O objetivo era modernizar, trazer frescor para a rede. Somado a isso, as novelas passaram por uma mudança estética e as narrativas das tramas noturnas se tornaram mais realistas.

O grupo tem conseguido realizar essas mudanças todas, porém, nem mesmo a liderança de audiência trouxe sossego à Televisa. Os programas do fim de noite, por exemplo, já não faturaram suficientemente para justificar o investimento, segundo El Universal. Essa situação foi crucial para o cancelamento precoce do programa ‘Esta Noche com Arath’, por exemplo.

A última vez que o presidente do grupo, Emílio Azcárraga Jean, falou sobre o momento da empresa foi antes do relançamento do Las Estrellas, em agosto passado: “É a segunda maior transformação que tenho que realizar na Televisa. Sempre vou apostar e acredito que a Televisa deve apostar e mudar”. Naquele momento, ele não imaginava que as respostas às investidas da empresa seriam inicialmente tão mais tímidas.


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